Não te rendas!

Olá pessoal!!

Eu não poderia deixar de começar minhas publicações no blog sem antes relatar a vocês brevemente como surgiu meu interesse pela carreira ministerial. Em meados de 2003 tive meu primeiro contato com o Ministério Público do Paraná, como estagiária, e desde então um amor pela Instituição brotou em meu peito de tal forma que não sei se se trata de obsessão, teimosia ou simplesmente um desejo da alma, pois apesar de inúmeras reprovações e decepções com algumas bancas examinadoras, o que mais me doeu foi quando pensei em desistir. Portanto, a frase inaugural do blog está cravada em meu âmago e assim hei de me conduzir até me tornar membra do Parquet!

Durante esses longos anos, exerci um cargo público, no entanto, não houve sequer um dia em que eu não pensasse no meu maior objetivo. Na maioria das vezes eu pensava e agia, estudando um pouco nem que fosse entre uma diligência e outra; outras tantas vezes, com o cansaço tomando conta, eu somente conseguia sonhar acordada (com pesar na consciência pela falta de estudo) com minha posse e meu tão esperado primeiro Júri. Porém sempre sendo fiel ao desejo de minha alma! Frase que igualmente me acompanha desde os tempos passados...

Aos poucos tenho avançado nas fases dos certames para o Ministério Público, em especial nos estados do Sul e Sudeste. E cada aprovação é comemorada com muito ânimo e esperança no dia em que meu nome estará no Diário Oficial e poderei escrever meu já ensaiado e decorado texto de agradecimento. Assim como, cada reprovação é recebida como um lembrete de que ainda falta algo a se aprimorar, afinal exercer a função de defensor da sociedade e agente de transformação social, exige excelência do representante do Parquet.

Obviamente não posso deixar de confessar que as reprovações trazem indignação, sentimento de injustiça, raiva, etc... mas o tempo se encarrega de converter tais sentimentos em combustível para novamente recomeçar na incessante busca pela tão almejada beca. E o “Senhor Tempo”, como “um dos deuses mais lindos”, traz também o amadurecimento das frases clichês de que tudo tem sua hora e de que não se pode deixar de viver a vida para ser feliz somente quando se passar no concurso.

Recentemente conheci a obra do escritor uruguaio Mario Benedetti e me encantei não só pela sua escrita, mas pela sua filosofia de vida, pois o autor buscava encontrar a felicidade na simplicidade das coisas, o que costumo chamar de “prazeres Amélie Poulain” (vide filme O Fabuloso Destino de Amélie Poulain).

Esse equilíbrio entre viver a vida com leveza encontrando a felicidade em cada momento e a busca incessante pelo sonho com inúmeras renúncias é o que pretendo atingir, e talvez seja esse o grande lance, talvez seja isso que me falta...

E, finalizando, para que também encante e toque a alma de outros colegas que sofrem com as mazelas das incertezas, injustiças e demais percalços dessa trajetória concursística, apresento-vos o poema “Não te rendas”, do supracitado autor.

“Não te rendas, ainda estás a tempo

de alcançar e começar de novo,

aceitar as tuas sombras

enterrar os teus medos,

largar o lastro,

retomar o voo.

Não te rendas que a vida é isso,

continuar a viagem,

perseguir os teus sonhos,

destravar os tempos,

arrumar os escombros,

e destapar o céu.

Não te rendas, por favor, não cedas,

ainda que o frio queime,

ainda que o medo morda,

ainda que o sol se esconda,

e se cale o vento:

ainda há fogo na tua alma

ainda existe vida nos teus sonhos.

Porque a vida é tua, e teu é também o desejo,

porque o quiseste e eu te amo,

porque existe o vinho e o amor,

porque não existem feridas que o tempo não cure.

Abrir as portas,

tirar os ferrolhos,

abandonar as muralhas que te protegeram,

viver a vida e aceitar o desafio,

recuperar o riso,

ensaiar um canto,

baixar a guarda e estender as mãos,

abrir as asas

e tentar de novo

celebrar a vida e relançar-se no infinito.

Não te rendas, por favor, não cedas:

mesmo que o frio queime,

mesmo que o medo morda,

mesmo que o sol se ponha e se cale o vento,

ainda há fogo na tua alma,

ainda existe vida nos teus sonhos.

Porque cada dia é um novo início,

porque esta é a hora e o melhor momento.

Porque não estás só, por eu te amo.”

Caros colegas, nunca, jamais se rendam... e mantenham-se fieis aos desejos de suas almas!

Kel